SAUDADE MATA MESMO .................

Ary Bueno [ O Príncipe dos poemas e do amor ]

Que saudade sinto do meu sertão

Onde escutava os pássaros a cantar

Onde tinha fartura de arroz e de feijão

Onde era mais linda a luz do meu luar

Que saudades da velha porteira,

Do seu gemido e sua forte batida

Eita saudade no peito tão dorida

Parece que na cidade não tem vida

Que saudade do leite puro no curral

Da carne de porco, na banha curtida

Da pamonha, bolo de fubá e do curau

Do frango caipira, feito a moda antiga

Do fogão de lenha, da antiga lamparina

Da minha velha mãe sempre contente

Da manteiga pura, não tinha margarina

Que delicia, linguiça, em forma de corrente

E o cavalo, velho de sela, nossa alegria

O velho carro de boi lento cortando areia

Saudade do sabia com seu canto de alegria

E do ribeirão, onde hoje o peixe já raleia

Que tristeza, hoje não temos palmito amargo

Não temos mais as grandes e nobres aroeiras

Até na moda caipira a viola perdeu o cargo

Pois hoje se canta, com instrumentos de primeira

A lua no céu, passeia de forma absorta, tristonha

O sol, nos queima forte devido ao desmatamento

Não temos mais nem cavalos, burros, ou jumento

Hoje é tudo maquinário, que torna a roça enfadonha

Um dia ao morrer quero ir para o céu de carro de boi

Escutar la ao chegar, da minha porteira a velha batida

Ver la tudo de bom, que daqui para la um dia se foi

Acender o palheiro, e agradecer a Deus, por ti roça querida.....

Principe dos poemas e do amor
Enviado por Principe dos poemas e do amor em 01/12/2008
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