Bicho da conta

Relutante

Assustada

Trémula e seduzida pelos tons cinzas que me cobrem os versos

Os olhos

Este manto por inteiro que vagueia a alma...

Estou naqueles dias,

naqueles dias que me assemelho a um bicho da conta.

Que caminho vagarosamente entre os passos brutos que passam ao lado.

Envelheço...

Porque não estás?

Quando me sinto em estradas de solidão?

De mãos dadas com o vazio...

E que vazio!

Um buraco negro aonde caímos quando não ainda não tínhamos dado conta

Da queda íngreme, abrupta e dolorosa...

Sem razões, dirias tu!

Mas que percebes tu de razão e coração

Que entendes tu do desequilíbrio

Da insanidade perfeita ou não

da apatia que me entrego tantas vezes.

das náuseas dos momentos incolores

das paredes e dos meus rascunhos?!

Nada!

E hoje o céu está tão chuvoso

Tão cinzento

Tantas lágrimas derramadas à força da tempestade...

E tu não dás por isso,

Porque o que me resta é tão pequenino...

Hoje sou um bichinho de conta.

Joana Sousa Freitas
Enviado por Joana Sousa Freitas em 06/04/2006
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