AUSÊNCIA
Dirige-se velhaca em minha direção
A verdadeira semântica da sombra da tristeza:
Pesa-me, sobre o baluarte da mente e do coração,
O medo de ser tragado pelo oceano da rarefação
Da alegria; de não tê-la novamente
Como a minha eterna genética mansão.
Ela sobrepuja a porta:
Não pede licença,
A campainha não toca;
Antes galga as escadas,
Que a conduzem á minha alcova incauta.
De repente, pego-me a contemplá-la:
Contemplando-a entrar imperiosa, autocrata,
A apoderar-se do cômodo, da casa, de minha cética alma,
A partir de então, lacrimejosa, aluvião de lágrimas,
Pelas ruínas da felicidade, soterrada!
Por isso, depois de ponderar muito,
Delibero:
Mergulho até as profundezas do ostracismo:
Lá fixo residência nas casamatas do silêncio
E, por tempo indeterminado,
Ainda hiberno sem esperanças
De que um dia outra vez eu seja ativo.
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA