Ventro Frio

Olhei pela janela... Só o vento frio bailava...

A melodia da tarde fria, não a ouvia... mas sentia...

Doentia presença que me acena, obscena, em tarde fria...

Olhei pela janela... Só o vento frio bailava...

A noite gélida, rastejando, quieta, se aproximava

Esgueirando-se à poeira de minha dor...

Na solidão, o vento frio sem piedade me cortava,

À mansidão do sonho vil de um amor...

Olhei pela janela... Turvou-se a íris no céu distante...

O cristal derretido correu-me à face em diamante...

Na riqueza de um sentimento empobreci de alegria...

Olhei pela janela... e me vi ali, em heresia...

Sofrendo a solidão do verão em despedida...

À partida da paixão, baila o vento em solidão...

Marco Aurélio Leite da Silva
Enviado por Marco Aurélio Leite da Silva em 03/01/2009
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