Ventro Frio
Olhei pela janela... Só o vento frio bailava...
A melodia da tarde fria, não a ouvia... mas sentia...
Doentia presença que me acena, obscena, em tarde fria...
Olhei pela janela... Só o vento frio bailava...
A noite gélida, rastejando, quieta, se aproximava
Esgueirando-se à poeira de minha dor...
Na solidão, o vento frio sem piedade me cortava,
À mansidão do sonho vil de um amor...
Olhei pela janela... Turvou-se a íris no céu distante...
O cristal derretido correu-me à face em diamante...
Na riqueza de um sentimento empobreci de alegria...
Olhei pela janela... e me vi ali, em heresia...
Sofrendo a solidão do verão em despedida...
À partida da paixão, baila o vento em solidão...