Febre que consome
A febre de te buscar me consome
Em último apelo, um balbuciar sem nome
Clamo-te inaudível, rouca
Em delírios rompantes de dúvidas loucas
E já passou nosso momento
O tempo sugou nossa hora
Para onde foste, sentimento
Que sozinho em meu peito mora?
E as noites insones, os hálitos unidos
Mãos como chamas a deslizar?
Respirar impaciente, doces gemidos
Aonde foram que não os vi passar?
Hoje sou brisa sem mar
Sou porto sem cais, noite sem luar
Sombra antiga, luz distante
Nem sei como seguir adiante
Procuro, tateio em vão
Seu rosto amado, tua suave mão
O presente do meu passado
Transformou-se em enfado:
Se luto, não ando em frente
Se paro, morro em segundos
O amor não é sapiente
Carece de maiores cuidados:
Frágil, quebra e nem sente
Quando ama e não é amado.