De onde venho
Se queres saber de onde venho
Moro dentro de uma história que tenho
E que só hoje atrevo-me a contar
Porque o sol no longínquo horizonte
Apagou-se, tal qual seca fonte
Quando assistiu a primeira lágrima a rolar
E a palavra do lábio a calar
Sou a flor que ninguém colheu
O rouxinol mudo do canto seu
Sou a árvore sem flor ou fruto
O diamante de tal forma bruto
Que não se consegue lapidar
Pois quando o amor bateu-me a porta
Não atendi, fingi-me de morta
E assim, o destino apronta
Quando qualquer alma tonta
Insiste em desdenhar seu presente
E hoje, a procurar a tal felicidade
No peito só encontro a saudade
Do sonho perdido que nunca aconteceu
Sonho meu...