Madrugada

O cão ladra

no silêncio não mais.

É fria a noite

e úmida a solidão.

Passos ecoam

no silêncio que não é

e a rua alonga-se

sempre ladeira abaixo

na garoa

brilhando

no silêncio ainda.

Um bêbado

olha a lua na poça

e mergulha em si,

melancólico

etílico.

Frio e úmido

o silêncio se faz.

O cão ladra

o homem soluça

no silêncio não mais.

Mauro Gouvêa

Rio de Janeiro, 12 agosto de 1987