Diluição


Não repare meus olhos.
Agora, não.
Ontem descobriram o mundo
E hoje encontram-se enfermos
De uma dor que jamais passará.

Depois de viajarem toda uma noite
Envolvidos em perspectivas antagônicas,
Descobriram que as dores  são muito, muito mais fortes
Que todo o desejo de não sofrer.

Não repare meu coração.
Agora, não.
Descobriu-se tão pequenino diante de tudo
Que apenas insiste em cantar baixinho
Uma antiga canção de chorar.

Não repare minha palavra.
Agora não.
Prefiro o mutismo da fotografia.
Ser imagem na parede...
Mas como doi desistir!

Também não repare minhas mãos.
Agora não...
Ou nunca  mais!
Flávia Melo
Enviado por Flávia Melo em 09/02/2009
Reeditado em 09/02/2009
Código do texto: T1429209