CÁLICE TRANSBORDANTE

Quisera eu tomar em minhas frágeis mãos

O cálice que tanto embriaga... tanto mata.

Esparramar sem medo garganta abaixo...

Todos os sentimentos que me devoram pouco a pouco.

Deixar-me embalar pelos gritos interiores

Que me convidam a uma viagem sem fim...

Repousar as minhas desilusões, os desalentos, o desamor

Inda que reste apenas uma gota, tomá-la toda.

Os sonhos que se vão no cálice que transborda a dor

Pigmentados por cores... e sabores tão conhecidos meus.

Ah! Alma minha! Que caminha sem direção

Dá-me de volta o que é meu.

Devolva-me a alegria e a poesia de viver, apenas isso!

As noites insones são como um sino que badala nos funerais

Lembram-me de momentos, projetos e desejos que se foram.

O cansaço... da vida... perdida que voluteia

Mas os pensamentos que me rodeiam... e semeiam a dor

São os mesmos que me incendeiam de amor.

Antagônicos... loucos... desvairados

Ah! Fera ferida! Acuada, desamada!

Seja como for não te acovardes diante da dor

Amores lançados ao vento não acalentam.

Seja como for não permitas que a dor

Oferte o cálice que cala... que mata.

Tome em tuas mãos, inda que em vão

A semente que germina... caminha

Inda sem direção... deixe-se quebrar

Remende-se! Junte os pedaços! Os cacos!

E erga o cálice que embriaga... enobrece

Brinde à vida! À vitória de um novo dia que amanhece.

Polenazul
Enviado por Polenazul em 09/02/2009
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