Solidão

Na rua, apenas um homem anda.

Só ele ,na escuridão...

só ele, a passar pelos becos.

Às janelas cerradas

podem esconder,

amores proíbidos

e outras coisas mais.

Mas ele, não pensa nisso.

Ele é só nessa rua,

cheia de becos escuros

e de lixo.

De vez em quando

leva a mão à boca,

e fuma.

Assim...

parece esquecer de tudo.

Da fome,do frio, da rua.

Ele é só nesta

imensa multidão

isolada pelo concreto.

Mas ele não quer pensar nisso.

Ou melhor;

nunca pensou em pensar.

Os motoqueiros,

fumantes de drogas,

passam às vezes ali.

Jogam mais lixo,

fazem amor,

modificam o monótono da rua.

Mas o meu personagem,

não vê os motoqueiros,

não vê a fumaça,

os sussuros e nem

mesmo às cores.

Tenho vontade de ser

mais uma apenas,

de poder como ele,

passar na rua,

nos becos,

no meio do lixo.

Sem ver a vida, às cores,

sem ver através de

janelas cerradas,

as paixões, os amantes.

E acima de tudo

não ver meus próprios

passos no escuro.

Marcia Barroca
Enviado por Marcia Barroca em 03/05/2006
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