Miséria do ser (Imago est retro)

Arrastando os pés

Pela escura viela

Deparei-me com atroz revés:

O Espectro, que trouxe-me à goela

O vômito há muito guardado,

E os lancinantes espasmos de outrora.

Vergou ao chão este servo malfadado,

Pois quando o encara, chora.

Ao meu redor reuniu vultos,

Sombras, bestas e chacais.

Insurreto, trouxe à boca insultos,

Lutei para afastar os carniçais,

Do abismo dos vermes malfazejos...

A atonia, então, revelou-se em mim

Como se o “imago” respondesse aos meus desejos:

“Acalma-te, sabes que é iminente o tão sonhado fim...”

E, em meio às agruras da inóspita terra,

Iniciou-se o processo lento

Do desprendimento da alma, que, agora, se encerra,

Dando vida a mais um tormento:

Em ambas chamas que aprisionam,

Quem há de saber

Que o amor e o ódio tencionam

A exposição da miséria do ser?

Espectro Abissal
Enviado por Espectro Abissal em 25/03/2009
Reeditado em 25/03/2009
Código do texto: T1506149
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