Asas partidas

Uma célebre companhia,

Nestes idos descaminhados,

Que me velam noite após noite,

Há de ser-me luxúria avessa

Num viés de ilusão canhestra.

Pelos dias que vêm e vão,

À medida que as estações

Se desfiam, à revelia

De vaidade humana qualquer,

Tão somente me acolhe um trago

Que me sirva de confidente.

Não há mais anjos que me guardem

Na inocência que me blindava.

Despencados todos e mortos,

Ora habita meus aposentos

Um mau cheiro de putrefatos

Organismos que se desfazem...

Os meus anjos eram mortais.

Éder de Araújo
Enviado por Éder de Araújo em 28/03/2009
Reeditado em 22/11/2009
Código do texto: T1509875
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