Essências

Cor de aurora e chega o dia
Vejo a névoa pardacenta
Vou desviando das ilusões
Pelo meio do jardim

Pendem raízes dos galhos
A seiva chora infeliz
Numa árvore sem frutos

Dobra-se a terra em outeiros
Mais verdes que o verde mar
Nas falésias fazem ninhos
As aves mais precavidas

O céu passeia alguns bandos
De marrecos barulhentos

Onde escondeste, Senhora,
Os raros ovos de ouro?

Uma fonte majestosa
Numa praça singular
Calçada de mármore branco
Meu espanto vê jorrar
Raios de luz sobre as flores

E na selva desses olhos
O reflexo de essências
De uma outra dimensão



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