Amargura

Lí em teus olhos a dor

e em tuas mãos amargas

o desejo de não ser

quem a vida já formou

- ou tomou -

de saltos em sobressaltos

para a luz da escuridão.

Lí em teus lábios o choro

e no teu corpo o pudor

do passado do presente

do hoje e do amanhã

num claro e surdo grito

de remanso ou trovoada

de sol claro ou lua cheia.

Lí em teus olhos e lábios

tua vida e teu sofrer

e a cada gota de sal

de lágrimas mal escondidas

espero pelo não feito

desejo o já passado

e te acolho em meus braços.