Inferno

Esse acúmulo de coisas me maltrata.

“Coisas demais na cabeça...”.

Aparentemente normal.

Pra quem não se interessa em saber, problema banal.

O coração palpita quando já se sabe o que vai ser dito.

Novamente, a voz repreendedora se aproxima.

Nada do que será dito é uma rima.

Não há docilidade no que está por vir.

Como pode a fonte do afago ser tão destruidora?

Devo mesmo ser um asno inútil.

Esta seqüência de palavras me foi arrebatadora.

O caos dominou minha mente.

Nada resta além da desordem. Confusão.

Letras desmontam-se e deslizam,

escorrendo como sangue pelo papel.

No explodir na cabeça, tudo parece cruel.

É realmente difícil entrar num consenso.

Equilíbrio.

Falta-me um controle.

Qual inferno seria pior?

Reclusão ou repreensão?

Sempre preferem prender....

As letras já não são mais que uma poça.

O fruto do sangue escorrido...

Ácido. Uma poça ácida corroendo o chão.

O solo se esvai sob os pés.

Sem referências, a cabeça já não pensa.

Tudo indica a repreensão...

A repreensão também me indica a exclusão!

Abaixo do solo...

Olho para o alto e vejo o sangue ácido...

Pingando sobre a cabeça, agora sei de onde vem...

Sou eu! O problema sou eu!

Mais uma vez aqui em baixo...

Subirei novamente e verei:

Será que farei diferente?

Rafael S P Valle
Enviado por Rafael S P Valle em 22/04/2009
Código do texto: T1552689
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2009. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.