POR QUEM CHORAS, SENHORA?

POR QUEM CHORAS, SENHORA?

Pelos campos de infames guerras

Entre maltrapilhos soldados

Perambulam restos humanos

Buscando despojos de senso

Nessa empreitada funesta.

Choram mães em longes terras

Mortificam-se mulheres amantes

Sucumbem esperanças e amores

Nas almas de filhos órfãos

Nesse angustiante abandono.

Onde chorar os filhos que partem

Indagam aflitas senhoras

Nos altares que conclamam a luta

Ou nas lajes onde repousam guerreiros

Eis a questão sem resposta.

Não choram por covardia

Os filhos que por lá tombam

Derramam prantos de angustia

Pelos amigos perdidos

E pelas amantes deixadas.

Que funeral mais perverso

Aos que ficaram sem cova

Rasgados pelos abutres

Em terra distante e estranha

Da Pátria por quem morreram.

Medalhas não trazem vida

Nos panteões não moram sonhos

Aos que ficam somente resta

Um grito de dor na garganta

E um amargo vazio pelas almas.

Claudio De Almeida
Enviado por Claudio De Almeida em 27/04/2009
Reeditado em 29/04/2017
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