Sobre mulheres e ondas

E elas vem e vão

As mulheres como ondas

Se formam

E crescem na sua vida

Num espetáculo

Que só elas sabem produzir

E vão avançando

Sempre avançando

Na direção do seu íntimo

Levam tudo, tudo mesmo

E por fim

Transfiguram-se num turbilhão

De vida, de íntimo, de mulher

E não sobra nada

A não ser aquela certeza

De que é preciso

Que outra onda cresça

Para que se desfaça o caos

Da anterior

E só assim então

Tem-se a (falsa) idéia de tranquilidade

Mas as mulheres são como ondas

E ondas são sempre assim

Crescem, e você admira

Avançam, e você se deixa levar

Revolvem, e você se machuca

Somem.

(Rio, 2007)