A Revolução Gloriosa

Da janela me aparecem os poucos prédios

Que a neblina ainda não engole

Nem o azul escapa das unhas negras

Da neblina branca. Não sei se do céu

Ou do inferno a paciência arranca

E tudo fica calmo na manhã da cidade

Cidade grande que diante da neblina

Vira cidade pacata, todos estão em seus

Prédios ouvindo a música dos ventiladores

Da janela pouco vejo o que me contam os olhos

Do mar que acredito encontrar atrás daqueles prédios

Aquelas construções que acariciam as árvores

Quase quietas. E no mastro central dança

Só a sombra da bandeira que a manhã

Nos proíbe compreender. E há lençóis

Sobre a cidade fria, lençóis invisíveis

Mais quase branca nas ruas vazias

Ainda tem pessoas nas ruas desertas.

Delineio minha cidade perfeita, como

Perfeito cidadão. Mas todos se escondem

Por trás das mesas, se escondem nos sorrisos

Fingidos. Nos papeis oficias, nos desejos

Próprios, na ambição comum.

Sobre o ombro de muitos a necessidade

De se segurar o dia. Outros já fizeram

Muito, ou nada querem fazer, sonham

Com a infância, onde erroneamente queria crescer.

Todas as janelas estão fechadas

E tudo parece mais seguro visto de trás das vidraças

De trás das vidraças a vida parece

Muito mais segura, pois dela nos protegemos

Não somos prejudicados, mas a própria

Não vivemos. Agora o ar parece pesado

Mais o tempo rarefeito, o relógio

Nos pirraça, mas o tempo não passa

As janelas do sala não se abrem

Tem muitas torres além das construções

Arranhando o céu que não geme

Talvez por que queira manter a paz

Que se fortalece quando a noite cai

E o dia, que não tivera sombra, vira uma

O dia que só tinha do sol a luz esmaecida

Também não tem lua, e a noite sem

Rainha fica desordenada. Acende a luz

Que nas outras salas acederam também.

A luz amarela artificial assiste cansada

Ainda que recém chegada, a nossa

Pouca vibração. Ele tem uma foto

Da família que ainda não esqueceu

Apesar de na cabeça haver planilhas

Disso ele ainda não esqueceu. A cidade

Só respira, e nem vê o chuvisco cair

Cai água nos teus olhos e a luz fica multicor

Minha semana é a esperança de te ter nos braços