Aos Vivos

Feliz é aquele que se foi da vida

Partindo à sombra de nefasto encanto,

Levado pela côrte penitente

Em gritos funerais de dor e pranto.

Feliz porque, então, no seio murcho

- Este humano e pútrido instrumento -

Somente o verme, impaciente e astuto

Virá ferir-lhe o coração cinzento.

Também feliz de quem na tenra infância

Sentiu da Foice as sepulcrais andanças

Sem dar ao mundo – este sanguinolento -

A chance de roubar-lhe as esperanças.

Mas no final de toda esta matança

Que a todo o mundo vivo acometeu

Eu tremo e balbucio febrilmente:

Feliz somente foi quem não nasceu...

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 28/05/2006
Código do texto: T164950
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