sem titulo
Descalço percorro o céu infindável,
Paraíso albino seguro e harmonioso!
Esperança esvaída no meu ser,
Decalcada na sofistica alma desgrenhada...
Desmesurada tristeza me embarga
Neste alçado esconderijo!
Peço que me fadem com melhor destino...
Desenlaçado ardor que corrompe meu coração
E desgraçado o paraíso que bem vi!
Desencantado me sinto eu neste desamparo
Com desgosto ando eu neste mundo guarnecido
De ódio, crueldade, horror, espasmo baralhado!
Estou desprovido de animosidade e viverei
Eternamente entravado como um
Desgrenhado ser manifestado!
Livremente sou admirado, louvadamente
Faço esta espécie de poesia e exprimo meus sentimentos
E o modo de ver a vida, inútil, efémera,
Estéril e deformada!
Sólido me sinto, duro como pedra quebradiça que
Rasga peles finas e melancólicas!
Triste vida esta que levo, que tomo para mim e
Que desonra ver como é infeliz a filosofia que escrevo,
Própria de quem pensa por si mesmo!
Desfigurado e feio devem-me ver só de pensar!
Estou a sofrer desvairado, ignóbil, aturdido deste
Transe em que me apresento; melado facto este
Que vivo, que vejo e então sinto-me sujo, porco e
Terrífico!
Veia sinistrica esta que me acompanha neste andor
De dor, sofrimento, brados que provém do
Fundo do fosso do meu ser! Amalgamado nesta escória
A que chamam "mundo" está o meu corpo triste,
Composto andante desprovido de intelectualidade!
Vejo-me no espelho da morte, do planalto da
Miséria mas irei me libertar-me deste corpo e
Assim descobrir que esta alma desgrenhada é boa!