Fase da amargura
A folha em branco me chama a criar,
Desabafar, voltar a falar...
Mas as palavras já não fluem como antes...
O momento é de lembrança e amargura,
De solidão e carência de amor.
A escuridão me parece tão densa
Que eu posso até tocá-la
Ou com ela me chocar...
Medos vêem à tona em mil formas;
Medo de não saber viver sozinho novamente.
Me sinto bem, se estou sozinho e no escuro,
Mas odeio a solidão...parece que não tenho futuro.
A mente entende que é melhor assim,
Só que o corpo e a alma discordam.
Razão! Racional! Animal!
Besta-fera! Sentimento! Necessidade!
Fantasmas profanos irrompem de onde os havia confinado...
Dói demais! Parecem choques elétricos no peito.
Tão difícil. Talvez idiota e sem sentido.
Era para ser um mar de rosas e suspiros...
Tornou-se um rio de lágrimas e gritos.
Outro paradoxo: Sinto tanta falta...
Mas quero ficar longe.
Desejo a alegria, mas me agarro à tristeza.
Digo que não! E o coração implora um sim...
Onde está o sentido, disso que chamamos vida?
Se Tu existes e me ouve aí de cima, diga-me;
Onde está o caminho?
Pois escureceu e estou completamente perdido...
Acho que não tenho futuro...