Ao Ópio

És tu o vil dragão que me aprisiona

No teu sopro narcótico e indolente

E mesmo cônscio dessa dor pungente,

Cedo ou tarde, nesta vida me abandona.

Crepitas junto à horrenda beladona

Tomando-me a alma lentamente,

Mas deixa-me, ao menos, na dormente

E doce ilusão que em ti ressona.

Mesmo assim, ó dragão, que te esvaeces

Num pranto que devora-me a garganta,

És tu a morte que me aterra e encanta

levando-me ao local de minhas preces.

Henrique de Castro Silva Junior
Enviado por Henrique de Castro Silva Junior em 30/05/2006
Código do texto: T165724
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