VELHAS CALÇADAS
Uma menina chorando na calçada
Com dois pregos nos olhos
E continuo cantando nessa estrada
Seu nome era felicidade
Eu ainda conservo dela
Alguma saudade
Uma raíz destrói minha calçada
Dizem que viram espíritos na sacada
São irmãos das sombras
É incrível com a escuridão ainda me assombra
Desligue-se desse mundo
Antes que seja tarde
Antes que a verdade te maltrate
Belezas complexadas
Vidas destroçadas
Como calçadas quebradas
Cinzas na estrada
Sonhos empoeirados
Pés que não sobem mortas escadas
Querubins vomitam melodias
Dragões cospem fantasia e agonia
O silêncio come meus dias
Como palavras repetidas
Que me escondem o enigma da vida
Um abraço de vidro
Um sorriso sem aviso
E um morto na calçada
Em pleno domingo
Em plena alvorada