VELHAS CALÇADAS

Uma menina chorando na calçada

Com dois pregos nos olhos

E continuo cantando nessa estrada

Seu nome era felicidade

Eu ainda conservo dela

Alguma saudade

Uma raíz destrói minha calçada

Dizem que viram espíritos na sacada

São irmãos das sombras

É incrível com a escuridão ainda me assombra

Desligue-se desse mundo

Antes que seja tarde

Antes que a verdade te maltrate

Belezas complexadas

Vidas destroçadas

Como calçadas quebradas

Cinzas na estrada

Sonhos empoeirados

Pés que não sobem mortas escadas

Querubins vomitam melodias

Dragões cospem fantasia e agonia

O silêncio come meus dias

Como palavras repetidas

Que me escondem o enigma da vida

Um abraço de vidro

Um sorriso sem aviso

E um morto na calçada

Em pleno domingo

Em plena alvorada

Tiago Quingosta
Enviado por Tiago Quingosta em 02/06/2006
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