A VIDA É MASTIGÁVEL E CONSUMIDA NUM VERSO REVERSO

A mãe nos ensina que a vida é dura.

ah! essa vida de pedinde de beira de rua...

Lavadeira,

prostituta,

de dia dona-de-casa, tenta VINTE,

à noite, namoradeira, sempre enxuta.

O filho pródigo

já reclama

e a mãe se inflama, poe cara feia.

O filho chora,

a mãe apavora

o filho se espanta,

a mãe o espanca.

e não se compromete na lida de pedinte

mas põe o filho no farol pra

angariar fundos

pro dia seguinte.

Ele se diz homem,

quer trabalhar num "trampo" decente.

Ele brinca e desconversa.

ah! ele já sabe falar...

Ele grita e xinga.

A mãe dança e ginga,

e ele se desconcerta.

A mãe diz:

_ Enxerta!

e olha derrepente para a bela mulatinha!

Ele não entende nada. Nadica de nada...

Mas, ela lhe ensina tudo

e algo mais para enganar a todos.

O filho quer morrer de tédio

a mãe diz:

_ Não tem remédio!

O filho reza e pede a Deus que o ajude

mas leva na cara o bofete

ainda moleque

não sabe porque apanha

e mãe não sabe porque bate.

E é um "Deus-nos-acuda.

Ele não aguenta mais tamanha delicadeza,

ser "acariciado" pela

mãe de aluguel,

sem nem sequer tirar o chapéu

pedir cada vez mais, pedir, pedir, pedir,

coração dilacerado de um menino viciado.

A mãe diz:

_ Não reclame!

Nosso fim tá perto,

está aqui no farol da esquina,

está aqui no meio do barro,

da rua da lama.

Você quer morrer na cama?

_ Vou te matar!

O filho prometeu a ela, instantaneamente!

A mãe retruca:

_ Quero morrer de amor, por um filho meu!

Não quero um estrume demente

um filho de ninguem

pra ditar o destino da gente.

Ele, segue cego e pirado

ela, chupa o sangue do menino

e o deixa passar fome no meio dos carros,

parados,

atônitos,

ele está meio que em choque,

paralisado,

olhando a esmo

olhos esbugalhados,

viciados.

Não há mais cola para cheirar... por hoje basta!

A mãe se entrega à sorte

e procura a morte

debaixo de um caminhão

Suicida-se debaixo de um viaduto,

no meio do concreto armado,

e deixa o filho acorrentado

sem nem sequer,

ter sido amado.

AVIENLYW - (8/9/2001 )