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Caiu por terra o Golias dos orientais,

asas brilhantes feriram mortalmente seu

coração e vidas se partiram, ferveram

dentro da mais alta temperatura do terror

Não houve sangue, a terra não pôde

receber de volta os seus, o vapor do ódio

subiu num instante de silêncio atônito e os olhos

dos quatro cantos, incrédulos, paralisaram

Tremeu a terra, a grande cidade chorou

estarrecida, mais que um símbolo, levaram

vidas, o holocausto do medo se instalou

e no altar do império o sacrifício feito

com rostos sem nomes e nomes sem rostos

como um filme tenebroso de terror.

Oculta estava a face negra da morte

que de tão clara e nítida ninguém percebeu,

romperam-se então os portões da grande

cidade e impiedosamente lançaram-se

contra a Torre de Babel, afrontando a Águia,

fazendo-a dobrar-se tristemente sobre nações,

em chamas ardentes, escancarando o desespero

e a dor, e expondo de forma apocalíptica a

loucura do homem, sua demência, sua cor.

Não existe remédio para essa dor, nem cor

alguma que disfarce a cor da face do terror.

O vermelho da guerra é o mesmo do sangue derramado

que implora por justiça e reclama sua paz.

Chora a mãe por seus filhos, pátria gentil,

filhos de todas as terras doaram involuntários

suas vidas, hoje heróis anônimos da guerra.

Chora a mãe, chora a terra, por seus filhos adotados,

naturais, que de amor se encheram e a abraçaram.

Terra de Canaã, de leite e mel seus potes estão cheios

mas, buscam incessante pelo sono, pela paz.

Terra de seios fartos, tirana dor perfurou

seu coração, rasgou-lhe o peito, tamanha dor

foste esta que chora triste a nação, a tocha quase

apagada, o luto inter-imediato, o pranto, o choro

a poeira como um véu enfumaçado, cobrindo

disfarçadamente a nudez moral e imoral

que os nossos olhos enxergam, mas se recusam a ver.

Uma cegueira quase perfeita, eu não vejo, tu não vês

eles não vêem que nos montes não brotam mais flores

Que entre as montanhas só correm rios de horrores

Que algemas prendem punhos, grades prendem corpos

Mas ficam soltas as mentes, loucas, podres, doentes

Invadindo nossas vidas, ultrapassando continentes.

Chora a mãe terra, a América, a África, a Ásia,

Choram todas as mães do oriente ao ocidente,

Choram as vidas que nascem nesse momento

Choram todos os que ficaram com suas vidas sepultadas

Com o irmão, com o filho, com o amigo,

Com o jogo quase invisível de deuses tiranos do horror,

Pois não há cor que disfarce a negra face do terror.

angela soeiro
Enviado por angela soeiro em 09/06/2006
Código do texto: T172163