Tristeza

É dia,

Árvores silenciosas, estáticas

Envolvidas num temporal

Aguardando a derradeira chuva

Que virá lavar a alma sofredora,

Entorpecida de lamentos e tristezas.

Aqui estou a observá-las

Feito moribunda, a esperar

Que suas folhas caem no compasso

De minhas lágrimas.

Tempestade de buscas

Que pairam no meio do nada.

Um voo solitário.

Como se a morte tocasse,

Acariciando esse corpo cansado.

A chuva chegou!

Fria, sem emoção, sem brilho.

Meu espírito chora.

Caminho a esmo, percorro lugares,

Observo cada gota.

Que aos poucos vai cessando,

Indo embora.

De forma lúcida

Leva consigo minha sorte.

E quando nada mais se vê,

Ouço uma voz dizer:

Coração não morra!

Pare de sangrar.

Vejo então minha alma

Pedindo prá eu não parar de sonhar.

(Mérci Benício Louro).