Filha da Noite

Filha da Noite

Ouço ainda seu riso e imagino dor da alma

que se intensifica, chorando a tenebrosa

desdita caminhou em trevas malditas.

Penso na bela morena dos olhos felinos!

Cabelos longos, vestido vermelho colado

ao corpo deixava o colo nu, decote sensual

e vigoroso, lábios carnudos de carmim. Filha

da noite chorava dentro do peito amargor!

Mulher de muitos amores tinha olhar duro,

pesado e frio, soluçava sua desgraça na alcova

sem deixar o sangue gritar, nas orgias noturnas

fechava-se, contudo, jamais perdia o brilho da flor.

Volvia o olhar aos céus elevando uma prece,

rogava ao Pai findar o suplício, pobre pássaro

maldito, viveu horrores em noite de horror. Vento

forte levou sua vida, sangue em taça borrifou a flor!

Marta Peres

Marta Peres
Enviado por Marta Peres em 11/08/2009
Código do texto: T1749329