ANONIMATO
Passei da fama ao anonimato
e por isso ela rasgou o meu retrato...
Tudo arrisquei,
toda a atenção lhe dei
mas de mãos vazias fiquei...
O meu mundo a desabar começa
ao não ter lugar nesta peça
ao ser com a realidade confrontado
encontro um coração destroçado,
uma mente debilitada,
uma pessoa desamparada...
Ao apenas ser um figurante
a minha vida se torna insignificante
personagem principal quero ser
mas os papéis tu não queres rever...
Contigo eu queria contracenar
mas essa hipótese tu não me queres dar.
Que mil espadas me esquartejem,
que mil balas me atravessem
pois a vida é longa demais
se contigo não for vivida...
Parece que estais de partida
que ides por aquela colina acima
onde jamais vos poderei alcançar,
de onde não mais ides voltar...
Voltar ao que era,
quando o pano subia
e nós entravamos,
o público aplaudia
e nós olhares trocávamos...
Agora que o pano desceu
não mais nos olhamos
tudo aquilo se perdeu
não mais nos falamos
como fazíamos dantes
através daqueles olhares cintilantes...
A minha personagem morreu
pois uma nova apareceu
o meu papel me tirou
todo o público conquistou...