ANONIMATO

Passei da fama ao anonimato

e por isso ela rasgou o meu retrato...

Tudo arrisquei,

toda a atenção lhe dei

mas de mãos vazias fiquei...

O meu mundo a desabar começa

ao não ter lugar nesta peça

ao ser com a realidade confrontado

encontro um coração destroçado,

uma mente debilitada,

uma pessoa desamparada...

Ao apenas ser um figurante

a minha vida se torna insignificante

personagem principal quero ser

mas os papéis tu não queres rever...

Contigo eu queria contracenar

mas essa hipótese tu não me queres dar.

Que mil espadas me esquartejem,

que mil balas me atravessem

pois a vida é longa demais

se contigo não for vivida...

Parece que estais de partida

que ides por aquela colina acima

onde jamais vos poderei alcançar,

de onde não mais ides voltar...

Voltar ao que era,

quando o pano subia

e nós entravamos,

o público aplaudia

e nós olhares trocávamos...

Agora que o pano desceu

não mais nos olhamos

tudo aquilo se perdeu

não mais nos falamos

como fazíamos dantes

através daqueles olhares cintilantes...

A minha personagem morreu

pois uma nova apareceu

o meu papel me tirou

todo o público conquistou...

Daniel Delgado
Enviado por Daniel Delgado em 14/06/2006
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