TRISTE
Dói o meu coração, dói a minha alma
e um buraco se abre
fundo, escuro e confuso
abatido pelo desconhecido
pelas incertezas e dúvidas
pelas curvas e estradas que a vida me dá.
Lanço a mão e nada encontro
só essa dor que incomoda
que me dói assim teimosa
aperta o peito, e me faz
apavorada diante do tudo
que tenho, do nada que me pertence,
da vida, do espinho e da rosa.
Arranco o mais dolorido
dos suspiros, e a agonia
invade-me, cadê então o motivo?
É uma palavra, a falta do tudo e do nada,
o passo que não dei, o algo que não falei,
a dor profunda insiste
essa dor que não desiste,
não sei, não entendo, de onde ela vem,
para onde vai,
dói assim o espírito e falta-me a calma.
Fere-me o espinho
sangra a minh'alma
dói a minha vida
seca as minhas lágrimas
espalha pelo chão
as minhas tristezas
embalo então minhas dúvidas
minhas incertezas
nos braços cansados
no meu interior
na minha fortaleza.