CARAVELA

CARAVELA

Carmo Vasconcelos

Que hediondo pecado ou dura sina

Te fez réu dessa lei que te incrimina,

Te verga ao jaez de um deportado?...

Sentença mascarada de ventura

À busca de um amor imaginado

E foste caravela à desventura!

Era verde o mar da tua esperança,

Altivas velas, maré de bonança,

Gaivotas saudaram-te à largada...

Mas logo as velas se enrodilharam,

Tremeu o leme, ruiu a amurada,

E as ondas da saudade te inundaram!

O céu desdobrou nuvens de tristeza,

O mar escureceu na incerteza,

E as gaivotas debandaram aos ninhos...

No cais... meu lenço acena à escuridão,

Bordados nele estão nossos carinhos,

Molhado, lembra a dor... separação!

Vestida de negro, cinza os cabelos,

Só da lua tenho mimos e desvelos,

Na minha eterna espera olhando o mar...

Não serás outro Dom Sebastião!

Amada caravela hás-de voltar

Antes que a dor me afogue o coração!

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26/ Junho/08

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Carmo Vasconcelos
Enviado por Carmo Vasconcelos em 05/09/2009
Reeditado em 05/09/2009
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