Sempre fui triste

Não me lembro desde quando

Sempre fui triste

Não me lembro desde quando

Aos sete meses fui expulso do ventre de minha mãe

Esse exílio durou para sempre, uma vida

Cresci só, como uma planta silvestre que chamaram: menino.

Por falta de outro nome e a natureza tentou me aniquilar

Em temporais imorais legitimados pela profunda dor.

Não sei se fui valente ou teimoso as vezes furioso de solidão

O horizonte me parecia cada vez mais distante

As noites nunca me negaram suas estrelas.

Cavaleiro da tristeza a vida me sagrou

Com minha armadura de poesia lutei contra o desamor

Fui vencido e vencedor, só confesso que tentei

Hoje sem forças para empunhar as armas, arquivo minhas lembranças

Na algibeira daquele menino que me sorri com olhos piedosos

Sempre disposto a perdoar e amar desesperadamente.