O que resta?

Por que há este gosto de sal nos meus dentes?

Gritei pela madrugada afora e nenhuma flor apareceu na minha janela.

Cansei de tudo como quem se morre de amor.

Cansei de ter o ar sem ao menos ter a chance de respirá-lo.

Nada vale a pena.

Tudo também vale.

Dancei no meio da rua ontem, bêbado.

Bêbado de ficar com a testa suada de pavor por saber que mais uma vez, a noite seria apenas, ou a única, companhia que eu poderia ter.

Ter o céu como guia e o nada como resposta

Há mágoas em mim...

Não há explicações óbvias para o meu existir.

"Minha casa, vazia, transpira uma névoa de desilusão.

As portas do quarda-roupa entreabertas, roupas pelo chão, um grito crispado no ar e um corpo usado por sobre o tapete.

Um ramo de flores de plástico observa a cena. Fecha-se a cortina"

Tenho queimaduras na minha língua e a sensação de que nada foi feito.

O que resta?

Nada. Um grandioso nada.

Fim.

Valdson Tolentino Filho
Enviado por Valdson Tolentino Filho em 04/10/2009
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