Pacto desfeito

Não posso cumprir o pacto que você propôs

Promessas impossíveis são desfeitas no balançar das folhas

Nenhum sofrimento no mundo é maior do que ter de dizer adeus

A vontade de estar contigo congelou-se na fatalidade da vida

Ninguém jamais deveria passar por essa situação

Sentir o mundo desabar sobre seus pés

Nenhum terremoto pode destruir com tanta voracidade uma cidade

Mas um tremor interior não pode ser medido por sismógrafos

Não me peça para explicar o que não consigo entender

Meus olhos choram lágrimas solitárias

Não posso mais estar ao seu lado como almejamos

Os sonhos foram extintos por minha fraqueza de alma

Não existem analgésicos para essa dor

A magia tornou-se lenda nas páginas de um livro esquecido

Nossos momentos juntos constituem memórias de um passado próximo

Fotografias amareladas abandonadas no mural de um prédio condenado

Não sou mais quem eu costumava ser

Restou apenas esse fantasma andarilho

Não existem mais rumos certos

Nenhuma bússola pode me orientar

Nenhum mapa que possa me conduzir

Norte, sul, leste ou oeste tanto faz

O vazio que me consome é tão frio quanto às calçadas de ruas metropolitanas

Não há mais espontaneidade para sorrisos distraídos

Meu semblante petrificou-se como mármore

Nesse inverno de ventos fortes e ferozes

Sou apenas uma chama apagada na escuridão da saudade

Não acendem velas para defuntos vivos, por isso vago sem destino

Até que o último pôr do sol ponha um fim nessa trajetória amarga

Não posso fazê-lo sozinho, essa parte do trato pelo menos cumprirei

Te amando enquanto viver...