(imagem Google)

Um Lamentar A 5 Mãos


(Ana Maria Avelino)
As palavras que me olham já gastas,
meu âmago as escreve
com as mãos que sabem da ausência
do abraço que se perde
no vazio da carência.
Não tenho olhos por mirar
e meu pranto já me afoga
nesta incurável doença.
Mas não calo meu desgosto
nem desperdiço oração.
Sigo por entre dor e pranto
coberta em véus de escuridão.

(Dolce Bárbara)
Meu mundo está tão frio,
Esta sem cor,
Sem sabor,
Sem teu amor...
Nada faz sentido sem você,
Meus olhos falam,
Meu coração sente,
Mas é meu corpo,
Que arde e chora,
Que por ti ainda vive e implora.

(José Cláudio)
Ora canção triste de minha boca,
ora lamento opaco de tinta de minha pena.
Não sai palavra que não seja,
alívio de alguma dor sem ensejo,
dessas que invadem o peito,
e não acatam a voz,
e não alcançam ouvintes.
E assim vou seguindo,
também indiferente,
à dor que me rouba o encanto.
Na paz que o silêncio me concede.

(Isabel Nocetti)
Lamentos há em mim
Dores que por certo,
não abreviam meu sentir
Cuido os dias, noites
e nada muda
Há algo que aperta,
que embaraça
que faz-me tristeza
Longe destes olhos
foge-me a razão...

( Felipe Padilha di Freita)
Cinco mãos, cinco corações, lamentar dolorido,
Compartilhado, e sofrido, quebrando paradigmas,
Externando o que se sente, ou o que já fora sentido;

Aprendi que o que se perde, à tona não retorna mais,
Se afoga nas saudades, do mar do tempo que o remorso não traz;

Coração despedaçado, se reconstrói singelamente,
Abrandando as decepções, decepção venosa e quente;

Essa dor não me entristece,
Não há busca buscada em vão,
Faço ode às buscas que tive,
Dos anseios de meu coração;

Cinco mãos, cinco corações, apenas um lamentar,
Mesmo que seja sofrido, construído conjuntamente, por poetas desconhecidos,
Mesmo um sem conhecer o outro, esboçado em um só papel, um chorar comum sentido.










Quatro convites foram feitos, a poetas mui queridos, escrever a cinco mãos, um convite esquisito;

Encabeçando veio Ana, que topou ligeiramente, queria falar de dor, uma dor que todos sentem, procurou papel de pão, onde costumeiramente escreve, externou o seu chorar, arrasando como sempre;

Chegou a vez da simplicidade doce, juntamente com a candura, Dolce Bárbara eternizou, a dureza com a ternura, falando de uma dor, que assola, grita e perdura;

O rei das crônicas diárias, Zé deu o ar da graça, disse que pra fazer poesia, eu procurasse outro que faça, o cronista que xereta os outros, e que relata fielmente o comportar humano, encantando muita gente, se debruçou em uma dor, uma dor indiferente, aquelas das entranhas, de um silêncio comovente;

A dama das palavras,com um rebuscado diferente,Isabel Nocetti, não esqueceu lógico da gente,um chorar mais trabalhado, poetisa encantadora, mostrou aqui pra todos,que também é sofredora; 

Uma arte singular, que foi feita de repente, guardemos com carinho, um sangrar tão comovente, um lamentar a 5 mãos, lembrarei eternamente.



O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas)
Enviado por O Poeta do Deserto (Felipe Padilha de Freitas) em 04/11/2009
Reeditado em 12/02/2011
Código do texto: T1903955
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