DOR DIVIDIDA

 
 
Ó alma, não se perca neste rosário
de pérolas onde se escondem lembranças...
A esperança se foi, divida tua dor comigo!
És meu porto abrigo, luz que ascende
e a tristeza que sempre traz contigo
em meu corpo também se estende
e perco-me, em vielas de relembranças!
 
Solidão é serpente que espreita
expelindo o suor frio do amargor
onde a saudade silenciosa se deita,
ceifando do meu olhar toda a cor!
Ó alma minha, não adormeça,
preciso que teu lume me aqueça!
 
Vamos preencher o tempo hoje calado
em versos e sorver a estesia da poesia,
libertando assim, o sonho aprisionado
para o sentimento não cair em afasia!
 
Dor de amor dividida é metade dor...
Mesmo que em metades eu me torne,
não quero o meu "eu" caminhando calado!
Em voos livres, vou iludindo o desamor...
 
A solidão não gosta de companhia,
egoísta, quer possuir o ser por inteiro,
ó alma, vamos alagar este verso vazio
com os raios argentados do novo dia!
 
Lá fora, há pássaros alegres cantando,
flores matizadas que embelezam a vida
e um tempo, que por direito nos pertence!
Com tua milenar sabedoria venceremos
Medos e dores e o contratempo da partida...
Somos uma só criatura, essência que tudo vence!
 
 
06/06/2009

Anna Peralva
Enviado por Anna Peralva em 15/11/2009
Reeditado em 11/07/2011
Código do texto: T1924805