dói-me
Dói-me que tropeces nas tréguas
E que insistas que chegou o fim
Dói-me que quebres as regras
Mas insistas que ir mais além é errado
Dói-me que contes os dias e as noites
Quando o tempo para ti é de graça
Dói-me o abraço que te dou
Se sei que não chega para te abrigar
Dói-me o olhar que te dou
Se sei que não te vês como te vejo
Dói-me que os rabiscos que segredas
Nem sempre se tornem linhas de um sonho
Dói-me que o sangue que vais derramando
Não acalme a dor que te desgasta
Dói-me que as muralhas fracassem
E que o vento triste te esfrie
Dói-me que as danças em corpos estranhos
Te libertem para te prenderem de novo
Dói que a minha mão na tua te acalme
Mas que o mundo lá fora te enfraqueça
Dói-me que saibas que a loucura embriaga
Para depois veres que ela te faz rastejar
Dói-me saber que a lua te enche de sorrisos
Para depois o sol te clarear as lágrimas
Dói-me que ás vezes voar sejam tão difícil
E que nem sempre nos leve para o céu...