dói-me

Dói-me que tropeces nas tréguas

E que insistas que chegou o fim

Dói-me que quebres as regras

Mas insistas que ir mais além é errado

Dói-me que contes os dias e as noites

Quando o tempo para ti é de graça

Dói-me o abraço que te dou

Se sei que não chega para te abrigar

Dói-me o olhar que te dou

Se sei que não te vês como te vejo

Dói-me que os rabiscos que segredas

Nem sempre se tornem linhas de um sonho

Dói-me que o sangue que vais derramando

Não acalme a dor que te desgasta

Dói-me que as muralhas fracassem

E que o vento triste te esfrie

Dói-me que as danças em corpos estranhos

Te libertem para te prenderem de novo

Dói que a minha mão na tua te acalme

Mas que o mundo lá fora te enfraqueça

Dói-me que saibas que a loucura embriaga

Para depois veres que ela te faz rastejar

Dói-me saber que a lua te enche de sorrisos

Para depois o sol te clarear as lágrimas

Dói-me que ás vezes voar sejam tão difícil

E que nem sempre nos leve para o céu...

marta neto
Enviado por marta neto em 02/08/2006
Código do texto: T207530