Diamantes de Sonho

É como acordar em meio ao calor

e escorrer da cama, já derretido

pensando lentamente no dissabor

de tomar aquele café já vencido,

Espanar a poeira dos velhos dias

mas já há tanta, tanta, que doi

Se acumula, e por mais que eu sorria

todo meu ânimo a poeira destroi

É mal despertar e o suor já aparece

vindo da inadequação dos dias que passam

os minutos escoam em fervorosa prece

E, involuntariamente os olhos se embaçam

Procuro forças onde não há muito mais

Para fazer novamente o percurso do dia

Arrastar uma trilha de frustrações atrás

e poder lembrar do que me trouxe alegria

Nesse ínterim me lembro do que era sonhar

De sonhos que um dia já foram parte de mim

será que já não existem ou mudaram de lugar?

Que foi feito deles, para terminarem assim?

Os sonhos que ainda tenho, raros e precisos

São feitos amiúde, de mui delicada matéria

Pequenos lampejos de quase extintos paraísos

Salvo-condutos contra uma inexorável miséria

Diamantes, pequenos, brilhantes

Com os quais negociarei meu lugar

Pra embarcar no último instante

Na última nave, pouco antes de decolar.