Meu vigésimo quarto aniversário

Tediosa quarta feira, dia execrável

Tristemente eu olhei o calendário

E bem ali constatei o inevitável

Naquele dia eu fazia aniversário

Quando criança isto me alegrava

Ao amanhecer, abria os olhos e sorria

Mesmo quando muito cedo me acordava

Acima de tudo, dos pesares, aquele era meu dia

Hoje, já me pesam os anos corridos

Mesmo que não sejam tantos

Sinto que foram bem vividos

Mas excessivos já me são os desencantos

Não me satisfazem mais os simples prazeres

Trava-me na boca o mais doce alimento

Insuportáveis tornaram-se os afazeres

Dos quais retiro o meu sustento

Perdi de vista a dona dos meus amores

Escapou pelos meus dedos, definitivamente

Já não consigo suportar tantas dores

Não desejo mais viver, com meu amor ausente

Sorriem-me os mais velhos escarnecendo

Como se fosse impossível ou leviano

Alguém tão jovem viver sofrendo

E não desejar completar mais um ano

Diante deles, rasguei o meu diploma

Reneguei meus ancestrais e o meu nome

Entreguei -me a este câncer, este sarcoma

Esta melancolia que lentamente me consome

Compreenderiam-me os poetas em que me espelho?

A maioria deles morreu em tenra idade.

E diante de seus livros agora eu me ajoelho

Ansiando que me aplaquem esta saudade

Que me fez jovem de corpo e velho de alma

Que me faz arder com a impossibilidade desta paixão

Que me tirou a vontade de viver, a sanidade e a calma

Que me faz desejar repousar em um caixão

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 13/02/2010
Código do texto: T2084778
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