Réquiem a um gato atropelado

Rebenta a carne putrefata

Em gases orgânicos de carniçaria,

Entre o asfalto quente e a alma fria

Do Homo Ínfimus dentro de sua lata.

Aquele gato que outrora respirava,

Agora exibe as vísceras em suas extensões,

Com a anatomia reduzida a duas dimensões,

Pelo pneu grosseiro que passava.

Sem demora chegam os dípteros suínos,

Se banqueteando com os destroços felinos

E zumbindo idolatrias à podridão!

Mais um animal morre na estrada

Esmagado pela borracha vulcanizada,

Do homem enlatado sem coração...

Marcos Paulo Silva
Enviado por Marcos Paulo Silva em 18/02/2010
Reeditado em 18/02/2010
Código do texto: T2093374
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