VIDA

Esta máquina terrível,

Engrenagens ácidas

Triturando a alma.

Este modelo uniforme,

Medidas exatas,

Detalhes mecânicos

Desta hora operária,

Esta hora em espera,

Tramas e traumas,

Dramas e calmas,

Para no fim receber

O corpo manufaturado.

Quero o teu beijo vida,

Sonhar o pouco que me resta,

Entender ainda uma vez o pulso,

Estender o além ver,

O sentir estar amando.

(Meu corpo está frio,

As palavras congelam)

O pensamento é um gelo fino,

Quero estar leve para pensar,

Quero estar vivo!

Para ousar e sentir...

Tocar tua superfície

E beijar com o pensamento

A nossa hora perdida.

Quem dera a hora invisível,

A hora não concebida

Que pudesse ser inventada.

Quem dera saber de antemão

O que faria sofrer,

O que causaria impacto.

Se há a hora sonhada

Quem dera capturá-la

E da hora arrependida

Quem dera reinventá-la.

Ah,os vários processos da mente!

A rua me acalma...

Quando há gritos,quando a noite surpreende,

Tudo é tragédia!

O sapato fora do lugar,a vassoura com preguiça...

Eu saio sem sair

De um falso alheamento,

Falsa nuvem que sem querer

Escorre pelo lagar da alma.

Eu nunca soube de fato

Chorar.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 21/02/2010
Código do texto: T2100276
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