Sexta feira à noite...

Sexta feira à noite, ao luar...

As horas passavam sem tempo de contar

Seu corpo na janela gostava de se acomodar

Esperava até o frio seu sangue congelar

E ela curava a ressaca...

Com dúzias de cigarros.

Sua respiração era fraca.

Sua fumaça tingia os carros.

Ela vendia suas lágrimas por poucos centavos

E nas sextas feiras ela não queria viver.

Seu choro poderia preencher lagos.

E ela ignorava a pessoa que ela tentava ser.

Aquela perfeição confiante...

Sem defeitos, impecável.

Com o mais falso sorriso brilhante.

A atitude intocável.

Seu olhar escondia seus segredos...

Que ela não queria revelar.

Seus mais infantis medos.

Que ela temia lembrar.

Um passado machucado.

Que sempre doía lá dentro.

Incapaz de ser cicatrizado.

Com os litros de álcool.

Um presente com traços fingidos.

A ridícula performance de uma vida perfeita.

Repleta de incontáveis vazios.

Com milhões de dores à ser sujeita.

Um futuro que não poderia se realizar.

Com uma vida despedaçada.

Sentia-se Disposta a se condenar.

Por sua vida finalizada.

E só as sextas feiras à noite.

Poderiam fazê-la sentir-se-á si mesma, quebrada.

Revelando-se não tão forte,

Para recomeçar uma vida queimada.