Chegada... Saída...

Andei pelos cantos... Recatos... Falsos formulários...
Escritas soltas... Eram o que a boca anunciava... Todas as notas... Todos os calendários... Datas em uma única mão... A única direção... Cheguei tão perto.
Moldo-me ao que não conheço... Desconhecidos atos.
Banhos de rio... De chuva... São o meu retrato.
Choro pelo que brotam as pálpebras... O estranho olhar de quem não me conhece...
Coro de uma música de milhares... De móveis seres alados... Mulheres.
Gosto da chuva... Do vento... Atiro-me aos céus, quando com sede...
O que fascina... É o que, com o tempo, perturba...
Volto-me aos joelhos... Espero o fim do circular das veias.
Espaço e muralhas... Gosto de livres e soltos calcanhares... Porque daqui não se leva nada... Salvo, quem sabe, a memória...
Ultrapassar os próprios passos... Riscos de um itinerário...
O trem passa longe... Ainda não chega aos bancos que o aguardam... Percorro os trilhos com os braços abertos... Equilíbrio em dormentes gastos.
As palavras são navalhas... Atos e olhares, bálsamos para quem os ganha... Escolhida chama.
Todo o resto, avesso alheio... Falso recorte de discursos calcificados de outra morte...
O dia, cumprido e gasto, como raras cartas de um baralho...
Danço a cigana arte... Do adivinha... Dos lenços e argolas...
Correntes e medalhas... Fôrmas de um social entrave.
Molho os lábios... Escolho o molho de chaves... Várias portas, uma entreaberta... Passo... Sem rastros...
Ainda vejo alguns trovões... E cores, em contra-luz...
Choro pelos lençóis que corrompem a alma... Pelo cigarro que elas trazem nos dedos... Pelas sombras nas cavernas dos mitos.
Mas, vê-se o rosto das crianças... Dos felinos, melhores que muita gente.
Um lápis esquadreja o destino... Que folhas? Que escolhas?... Que nós?...
Marcados os dias... Dores frias... Seres que esfolam... Agridem-se... Agridem. Culpa da roupa... Da cruz... Das malhas finas saciadas?... Culpa da ética... Da moral... Das linhas cruzadas?!
Maltrapilhos na camada interna...
Pregados os sonhos... Cuspidos os danos...
E a tristeza invade as margens da ignorância... Sou ventania... Sou calmaria...
A dualidade tem seu preço... Lanço o meu futuro, em uma moeda com duas joias...

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