Quando eu for embora... anuncio do meu fim...

Quando eu me for, e não tardará, quando eu for embora,

Não vou levar nem música, nem poesia nem corda.

Não vou levar as lembranças (elas já não me pertencem mais)

Nem ao menos levarei sorriso, que se desvaneceu no mar.

Eu não quero fotos, não quero o tom da voz, não quero luz.

Será um dia escuro, com muito vento e pouca paz.

Será num dia saudoso, triste, trizteza fina, aguda.

Daqueles que vem bem de leve, aguda mas não breve.

Também não levarei as pessoas queridas. Quero ir só.

Só como estou. E agora, só como de fato sou.

Sou só como um grão de areia no espaço sideral.

E nada levarei, senão a angustia da vida que passou.

Quando eu for embora ninguém irá me visitar.

Ninguém irá ao menos me encontrar.

Porque isso? Quando tudo acabar, a razão de respirar,

Então o ar condensa e os pulmões param de inflar,

A dor é tão sufocante, insuportável...

Os gatos quando sentem, quando sabem que

[não vão mais suportar,

Eles partem.

Quando eu partir ficará a lembrança do meu olhar.

[ E nada mais ].