Uma Isabela - que bela!

Não é assim que teria dito Alan Poe?

Isabela

Os olhos estatelados e apavorados

Iluminam a escuridão do quarto.

Pai e madrasta mancomunados

Não a viram bela em seu parto.

Conduzem a filha desfalecida,

Examinam a janela entreaberta.

E, a uma boneca inerte mas, com vida,

Com uma tesoura abreviam a morte certa.

Frios ventos perpassam o edifício.

Nuvens negras e opressivas amontoam-se no céu

Prontas a celebrar o sacrifício.

E ela, a boneca que jogada,

Sobe além das nuvens desprezada

Pelos monstros que riem – sem sorrir jamais!

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Samuel Medeiros
Enviado por Samuel Medeiros em 26/03/2010
Código do texto: T2159523