Um violino chamando Diego

Cala fundo o gemido do violino

Solitário na noite escura sem estrelas

Cala fundo o agudo descendo pelo arco

Escorrendo seus laivos como uivos

Dos lobos banidos...

Cala fundo na alma,

essa música de poucas cordas

E muita magia

Escorrendo de dedos negros que encantam como a cotovia.

Transcendental música que perpassa pelos dedos,

Segue apoiado pelo queixo e,

depois desemboca certeira no coração.

Em suas lágrimas incandescentes

No alto quilate de seus doze anos,

Queimam revoltas contra a violência bastarda,

a ceifar oportunidades e anjos

E, mesmo diante da chuva de lágrimas,

Não cala o violino

Que geme e gane perfeito

Em notas e semitons a compor

A sinfonia dos ventos,

A semântica dos desesperados

A regalia dos sensíveis

Que sofrem e temem

Mas não sofrem em vão...

Agora que o violino ficou sozinho

Prossegue sua saga para resgatar almas e corpos

De uma batalha sangrenta e silenciosa

Batalha contra miséria, contra o abandono,

Contra a indiferença...

A favor da capacidade de sobreviver,

Há opção de ser músico,

Chorar e continuar o encanto da vida.

Mesmo depois da morte.

Permanece um violino lá no céu

essa noite,

chamando Diego.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 01/04/2010
Reeditado em 02/04/2010
Código do texto: T2171979
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