Angústia

Prevejo a estrada que andarei.

Do Futuro nada sei

e do Passado nada levarei.

Sou só o Presente,

acontecido de repente.

Revejo o caminho por onde andei,

a algum lugar retornarei,

se do Mundo, não sei

se do Sub-Mundo, não direi.

Estive preso,

estive aceso,

estive acamado,

estive abandonado

e estive possuído

por algum demônio enfurecido.

Caminho e encruzilhada,

a ida para o Nada.

Sem recuo ou volta

para a calma da revolta.

É a vida que passa

e a fome de traça

que corrói sonho e ilusão

nesse conjunto de não.

Agora ouço a terra que me encobre

e a marcha em "passo-dóble".

Logo o escuro será denso

em outro terror intenso.