Crepúsculo
Há um segundo eu era deus
Agora sou um asno
A me empanturrar com este marasmo
E a arrotar descrença e conformismo
Um dia fui alguém
Hoje vendo a alma
Para comprar o pão
Que o próprio diabo amassou
Ontem fui o tudo
Amanha eu já não sou
E me pergunto:
— Onde foi que tudo isso se perdeu?
— O que foi que me restou?
Hoje não me sei
Simplesmente sou o fim
Dos dias, louco cato o que sobrou
Do homem, do deus, de mim
Hoje sou só o resto de um amanhã que não existe...