Vestir-me de nada
Hoje acordo vestida de nada
Vestida de tudo que o nada tem
Sem cara, sem rosto, sem cor
Apenas eu sem nada
Hoje visto-me de mim
Da dor da distância dos outros
Da indiferença de quem queremos diferença
Sim, vestida de frio humano
Vestida de nada
Roupa rasgada sem linha, sem pano
Roupa sem vida
Roupa ou trapo de nada
Roupa que o tempo não trouxe
Roupa que a vida deixou ficar
Trapos de destino
Trapos de mim
Do que restou para que pudesse ao menos vestir
Vestir-me de nada