Os bois de abate
Nem sempre brancos, às vezes pretos,
Malhados ou multicoloridos
Os bovinos que vão para o abate
Na descarregadeira espremidos
Em mugidos dissonantes
Olhares sóbrios no infinito
Nos currais sujos e asquerosos
Espalham angustiantes gritos
Finda a noite, a morte lhes espera
Mas, assim mesmo, copulam
Na voracidade do instinto
De suas terrenas quimeras
Em uma lágrima cadente
Rumina lembranças do passado
Um taurino jovem, um garrote
Com seus minutos contados
Vai com seu bezerro no ventre
Aquela novilha tomando banho
Vem o porrete e decreta
A mudança de rebanho
Mais revoltado, o boi de carga
Que sempre ajudou na vida
Levou água, madeira, carne seca
E já está em despedida
E assim vão confirmando
A maldade humana infinita
Do destino triste e cruento
Sem saber quem o digita.