Navegante sem farol

Sim! É inverno dentro de mim

Há neve sobre meu peito

Congelou por inteiro o leito

Do rio que banhava o jardim

Aonde eu cultivava as rosas

Mais formosas e coloridas

E de lamentos revertidas

Pelas noites mais pavorosas

Pétalas voam pelos ares

Entre bem me quer e mal me quer

Numa ânsia de me conhecer

Sou naufrago em teus mares

Sim! Chove muito dentro de mim

Infelizes brumas me envolvem

Mares doridos se revolvem

Trazendo um aroma de jasmim

Prenúncios de primavera

De repente estou no escuro

Tateando o chão eu procuro

Uma estúpida quimera

À que eu posso por um segundo

Apenas me agarrar e deixar

O nevoeiro de dissipar

Sim! Quero ver um novo mundo...

Sim! Venta forte dentro de mim

Uma overdose de você

Sofro uma metamorfose

Deixei de lado o nosso jardim...

Como um pássaro vôo liberto

Vôo para longe num vôo sem fim!...

Vou andando por dentro de mim

Procurando o caminho certo,

Mas só vejo um grande deserto

Que não tem fim e nem começo

E num estrondo estremeço,

Por um amargor sou coberto

É terremoto dentro de mim!

Sou fugitivo de mim mesmo

Sou um mero sopro a esmo

Sou madeira cheia de cupim...

Arranque do céu as estrelas!

Apague de vez a luz da lua!

Sou os ventos que rasgam a rua

Espiona pelas janelas

Por favor! Sequem o oceano!

Por favor! Tire o brilho do sol

Sou navio em busca de um farol

Navegando no mar do engano...

Joselito de Souza Bertoglio
Enviado por Joselito de Souza Bertoglio em 16/05/2010
Código do texto: T2260762
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